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Antropografia

Uma câmera captura o ambiente que é ressignificado em tempo real.

"Arte e política têm a ver uma com a outra como forma de dissensso, operações de reconfiguração da experiência comum do sensível.

Pode contribuir para transformar o mapa do perceptível e do pensável, para criar novas formas de experiência do sensível, novas distâncias em relação às configurações existentes do que é dado. (...)

Passa-se de um modo sensível a outro modo sensível que define outras tolerâncias e intolerâncias, outras capacidades e incapacidades. O que está em funcionamento são dissociações: ruptura de uma relação entre sentido e sentido, (...) ruptura dos referenciais sensíveis que possibilitam a cada um o seu lugar numa ordem das coisas.

(...)

Aquilo que chamamos imagem é um elemento num dispositivo que cria certo senso de realidade, certo senso comum. Um "senso comum" é, acima de tudo, uma comunidade de dados sensíveis: coisas cuja visibilidade considera-se partilhável por todos, modos de percepção dessas coisas e significados também partilháveis que lhe são conferidos.

O problema não é opor a realidade a suas aparências. É construir outras realidades, outras formas de senso comum, ou seja, outros dispositivos espaçotemporais, outras comunidades de palavras e coisas, formas e significados.

Essa criação é um trabalho da ficção, que não consiste em contar histórias, mas em estabelecer relações novas entre as palavras e as formas visíveis, a palavras e a escrita, um aqui e um alhures, um então e um agora."

trechos de "O Espectador Emancipado", Jaques Ranciére
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